Bons dias sempre!
Que seu dia seja radiante como nos
é a Luz do Sol e a alegria refletida pela Lua.
“ESCOLHO PENSAMENTOS HARMONIOSOS E COOPERO
COMUNICANDO O MELHOR DE MIM.
EU SOU GUIADO PODER DA ELEGÂNCIA”
Shabbat shalom!
Que este sábado seja radiante e muito produtivo, re-equilibre-se!
Compartilhamos hoje um belo texto
do Dr. Gilson Freiree que está na rede “AUM MAGIC”.
Boa leitura!
+ DA
FÍSICA QUÂNTICA À ESPIRITUALIDADE +
O
imponderável, antes repelido e negado, voltará ao mundo, atendendo ao apelo do
homem.
Pietro
Ubaldi (A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Dr.Gilson Freire
(Este
artigo foi originariamente escrito para integrar um dos capítulos da
obra Saúde e Espiritualidade, uma coletânea de trabalhos que
associam a espiritualidade à medicina, composto em parceria com o prof. Mauro
Ivan Salgado e publicada pela Editora Inede em novembro de 2008.)
A
mecânica quântica desvendou para o homem moderno um novo e extraordinário
panorama oculto na realidade fenomênica do microcosmo, onde ela se deparou com
um irrefutável domínio, a permear toda a nossa realidade: o imponderável. E
terminou por redesenhar uma diferenciada cosmovisão, a implantar-se nas
paisagens paradigmáticas do novo milênio que se inicia. Velhos pilares da
física clássica e os fundamentos da dimensão macrocósmica em que vivemos foram
profundamente abalados. O profissional da área de saúde, porém, muitas vezes
alheio a essas estonteantes revelações, de modo geral ainda não absorveu o
profundo impacto dessa nova visão de mundo. E suas importantes conclusões até
então não se estenderam ao campo biológico, onde possivelmente resultarão em significativas
mudanças, com consequências até mesmo na prática médica vigente.
Assim,
este capítulo se propõe a suscitar as seguintes questões, embora não seja
suficiente para respondê-las devidamente: como a visão quântica afeta a
compreensão humana? Isso é importante para a sua vida, seus sofrimentos e seus
fins? Ela altera o nosso entendimento do universo? E, afinal, qual a relação
existente entre os fenômenos quânticos e o espiritualismo? Será a nova física,
de fato, a ponte entre a ciência e a espiritualidade, como pretendem muitos?
Para
analisar tais pertinentes questões faz-se necessário lucubrar em campo ainda
incipiente para a mente humana. Para muitos, elas extrapolam a imparcial
pesquisa científica, adentrando especulações puramente prospectivas e filosóficas.
Os físicos modernos que, na atualidade, se insurgem em tais conjecturas têm
sido considerados místicos e não verdadeiros cientistas. Entretanto, para
avançar é preciso aventurar-se nessas ignotas regiões do conhecimento, ainda
que com o risco de errar ou resvalar-se em improfícuas fantasias. Essa é,
seguramente, a única forma de explorar o desconhecido e alcançar verdades ainda
mais abrangentes que venham auxiliar o homem na compreensão de si mesmo e da
fantástica realidade que o alberga.
Embasado,
sobretudo, pelos autores tidos como místicos da física quântica, dentre os
quais citamos Fritjof Capra, Amit Goswami e Deepak Chopra, este trabalho
consiste em um simples resumo das disquisições por eles suscitadas em torno das
revelações dessa ciência. Disquisições aqui regadas pelas conjecturas
filosóficas de Pietro Ubaldi e Ervin Lazlo, pelas brilhantes dissertações
científicas de Brian Greene sobre a mecânica quântica e de Timothy Ferris e
Marcelo Gleiser nos pontos em que esta toca a cosmologia. Temperadas,
naturalmente pelo crivo pessoal do autor, consideremo-las, portanto, nada mais
que silogismos dialéticos a aguardar a evolução dos tempos para serem
devidamente validadas.
+ A MORTE
DA MATÉRIA E DO MATERIALISMO +
O
primeiro grande feito da física quântica, com importante respaldo na moderna
visão de mundo, foi a destituição da matéria como substrato último da
complexidade universal. As conclusões, evidenciadas nas fórmulas de Erwin
Schrödinger, demonstraram que a matéria não pode ser decomposta em partículas
fixas e fundamentais. Sua base final é um processo dinâmico, destituído de
forma ou qualquer vestidura material.
Sua
segunda proeza foi concluir que partícula e onda são fenômenos de mesma
natureza, distinguindo-se não pela essência, mas por momentânea forma de se
manifestarem. Um substrato incompreensível e imponderável revela-se capaz de se
apresentar como massa ou energia, em obediência às exigências do meio em que se
mostram, ou mesmo, à simples resposta aos nossos instrumentos de aferição.
Como
consequência dessas primeiras evidências, a realidade concreta desvaneceu-se
aos olhos da magia quântica. O universo físico não pôde mais ser explicado pela
matéria e suas propriedades, pois esta não tem existência real e independente.
Tudo que existe tornou-se expressão de eventos imateriais, destituídos de
qualquer concretude.
A
matéria, agora feita de ilusões, desaparece como o último estofo do universo
físico. E com a morte desta, sucumbe também o materialismo que conduziu o
pensamento humano nos três últimos séculos. Um intrigante campo de
eventos, que entretece tanto a energia quanto a matéria, é agora o último
sustentáculo da realidade.
+ UM REINO
ALÉM DA MATÉRIA +
Além de
desfazer-se da matéria como último alicerce da realidade, a ciência quântica deparou-se,
nos entremeios do infinitamente pequeno, com uma diferenciada região de
eventos, na qual não se delineiam o tempo e o espaço. Chamado de não-localidade,
demonstrava-se à inteligência humana a existência de um domínio por onde
trafegam informações que não consomem tempo para caminhar e que não percorrem
distância alguma entre seus intervalos. São verdadeiros saltos, chamados
quânticos, por sobre o espaço e à revelia do tempo.
Estava
aberto para a inteligência humana o reino do absurdo: processos que ludibriam
os parâmetros euclidianos, brincando com as imposições das dimensões
macroscópicas. Nesse estranho domínio, realizam-se proezas inimagináveis, como
trocas de informações instantâneas, interligações que ignoram as distâncias,
partículas que ocupam dois lugares ao mesmo tempo e que podem surgir
momentaneamente desse “não-lugar” para nele tornarem a desaparecer
misteriosamente. Ou seja, a não-localidade, embora feita do mais absoluto vazio
físico, está plena de potencialidades que não se sabe de onde procedem.
Exatamente por isso, Niels Bohr, um dos fundadores dessa estranha ciência,
afirmou que se ela parecer lógica para alguém, este não a compreendeu de fato.
A mesma
ciência que tão veementemente negara a existência de qualquer imaterialidade
subjacente à realidade visível, agora se via obrigada, através da magia
quântica, a readmiti-la como verdade científica. Entreabriam-se para o atônito
homem moderno as portas do imponderável.
+ NOVOS
PARÂMETROS DA REALIDADE +
Ademais
da descoberta da não-localidade, onde se esconde um universo inexprimível e
idealista, a ciência quântica estabelecia ainda outros intrigantes fundamentos
que contribuíram decisivamente para derruir a forma clássica de se ver e
analisar a complexidade fenomênica que nos envolve. Os principais deles são
descritos sucintamente a seguir.
O princípio
de incerteza, fundamentado por Heisenberg, demonstrou que todas as medidas
realizadas no mundo objetivo são ilusões dos sentidos humanos e não podem ser
aferidas com absoluta precisão no universo do infinitamente pequeno. Nos campos
quânticos, impera o indeterminismo e a imprecisão domina todos
os seus movimentos. Da objetividade, própria da ciência clássica, passou-se
ao subjetivismo como sustento científico da nova visão da
realidade.
A
ciência humana, como pretendeu no passado, enterrava definitivamente o sonho de
medir com precisão absoluta os fenômenos ao seu derredor e dominá-los ao seu
bel prazer. E da aparente estabilidade e quietude do funcionamento universal,
estabeleceu-se a instabilidade como fundamento de equilíbrio
na intimidade da fenomenologia física.
A interatividade descoberta
nas instâncias do microcosmo fundiu os elementos aparentemente apartados do
universo material em um todo integrado. No reino do microcosmo, os objetos
físicos estão intimamente interligados e, segundo a nova física, a separação
denotada na realidade macroscópica tornou-se mera ilusão dos sentidos humanos.
A realidade fez-se um amálgama fenomênico de expressões cósmicas, onde tudo
está em íntimo contato com tudo. E assim, da fragmentação conceitual veiculada
pela antiga visão de mundo, evoluímos para a moderna interconexão do
universo.
A
linearidade causal apregoada pela física clássica perdera, ante as peripécias
quânticas, a sua expressividade norteadora da fenomenologia universal. A não-linearidade,
veiculada pela realidade não-local, ludibriando o tempo e o espaço, agora é
passível de manifestar-se como exótica expressão do mundo quântico. Causa e
efeito já não se encadeiam na irreversibilidade do ritmo cronológico, mas
coexistem fora da linha do tempo, em um presente constante.
A
ontologia fenomênica igualmente se desfez ante a inquestionável realidade
do holismo quântico. A unicidade mostrou-se a única expressão
da complexidade universal. A existência isolada e independente de qualquer
fenômeno tornou-se um devaneio das nossas sensações, denominada por muitos
de fantasia da separatividade. O todo agora abraça a si mesmo, em
expressões inimagináveis. O uno está inexoravelmente urdido no diverso, desde
os confins do infinito à intimidade do átomo.
O vácuo
absoluto, como concebido pela ciência clássica morria para se compreender que
o vazio puro está plenificado de prodigiosas potências criativas.
A
concretude do mundo tornou-se aparente e ilusória ante a inefável manifestação
dos processos quânticos que o sustentam nos redutos infinitesimais. Os objetos
físicos transformaram-se em processos energéticos a se desdobrarem no tempo e
no espaço, feitos de ondas de probabilidades, indeterminísticas, completamente
abstratas e interligadas. E desse modo o cosmo, modulado por princípios
que a física clássica já não podia mais explicar, fez-se um todo dinâmico,
substancialmente interligado por uma imensa teia de eventos.
Além
disso, nas fronteiras do incomensurável, a cosmologia se unia à física quântica
para anunciar que o universo eterno e estático das antigas concepções
mecanicistas sucumbira ante evidências que agora apontavam para um cosmo dinâmico,
que nascera de um vazio pleno e se encontra em vertiginosa expansão no tempo e
no espaço. Das cinzas do materialismo científico, ressurgia o criacionismo
quântico.
Com a
física relativista de Einstein, o espaço e o tempo absolutos da mecânica
newtoniana davam lugar ao continuum espaço-tempo. O espaço,
antes planificado, dobrou-se sobre si mesmo em um enrodilhado relativista,
encerrado em seus próprios limites. E a eternidade, antes fluindo sem fim,
morre, ante a descoberta de que existiu um dia em que o tempo nasceu, no
momento em que a semente cósmica do Big Bang explodia para
tudo criar. Eram novos conceitos que se somavam ao neocriacionismo quântico
para redesenhar a imagem do cosmo em moldes até então inalcançados pela ciência
clássica.
Recuperando
antigos preceitos criacionistas, a razão humana, estonteante, questiona agora
de onde vieram as portentosas forças que se condensaram no ponto de
singularidade, para então explodir no incontido ímpeto criacionista. E a
cosmologia convocou a ciência quântica para lhe explicar as intrigantes
“questões do começo”, ao admitir que essas fenomenais potências irromperam-se
de um quiescente oceano quântico, pleno de vagas criativas, a se
precipitarem na realidade.
Nessa
nova tessitura conceitual, o cosmo, agora fecundado pela criatividade do vazio
quântico, deixou de ser um imenso maquinário para se tornar um ilimitado campo
de processos essencialmente dinâmicos e abstratos – “um grande pensamento”, no
dizer do físico Fritjof Capra. A mente humana certamente agora questiona a
origem e a finalidade desse “grande pensamento”, sem encontrar respostas
convincentes no terreno científico. Sua vida certamente não será mais a mesma
quando ela se convencer de que existe uma “Consciência de proporções cósmicas”
a comandar esse imenso cortejo de ordenações fenomênicas, cujos atributos
somente uma avançada teologia poderá designar.
Eram
conceitos muito novos e revolucionários para o homem ainda materialista da era
moderna, extrapolando todos os sentidos de sua lógica, construída em séculos de
racionalismo. Um novo panorama ideológico se lhe entreabria, pleno de
revolucionárias possibilidades, derruindo os fundamentos do velho materialismo.
Muitos, cerrando os olhos ante essa estonteante realidade, ainda preferem ignorá-la,
eximindo-se de alcançar suas ricas paisagens conceituais. Enquanto outros
cuidam simplesmente de negá-la, imputando-a ao absurdo, ante a patente
insuficiência em compreendê-la.
+ NASCE A
CIÊNCIA IDEALISTA +
Com o
fim do materialismo e a insurgência das pertinentes e curiosas observações da
mecânica quântica, compreendeu-se que a dimensão macrocósmica corresponde a um
campo fechado de manifestações fenomênicas, a localidade, onde
somente é possível analisar e conhecer o que os irrisórios sentidos humanos são
capazes de perceber e os grosseiros instrumentos científicos podem aferir.
Contudo, essa instância corresponde somente a uma pequena parcela da realidade
global do universo, pois além dela se escondem outros campos subjacentes,
não-físicos.
Nessa
limitada bolha de espaço-tempo em que o homem vive, a localidade, a
ciência clássica delineia e individualiza os fatos fenomênicos com critérios de
observações que se passou a denominar objetividade forte, pois lhes
são dados contornos e existências independentes como se fossem objetos reais e
concretos. E aí se estabelecem os limites do realismo
fenomênico. Objetividade forte e realismo
fenomênico construíram a ciência clássica e sua estreita visão
materialista da realidade, embasada na ilusão dos sentidos e no separatismo.
O homem teve, em uma época, a fátua pretensão de poder englobar nas restritas
fronteiras da objetividade forte toda a complexidade universal, chegando ao
cúmulo de considerar inexistente tudo aquilo que a extrapolava e se colocava
fora de sua estreita análise reducionista.
Com a
descoberta da não-localidade, o homem, até então cerceado pelas barreiras
da objetividade, começou a divisar para além da bolha espaço-tempo onde se
restringe sua razão. E deu-se início, através da física quântica, à construção
do idealismo, uma nova ciência de observação do imponderável e da
compreensão do universo.
Heisenberg,
inaugurando esse idealismo científico, usou o termo potentia para
designar essa outra realidade fenomenológica – palavra utilizada por Aristóteles
para definir o espaço que permeava o empíreo, o reino dos deuses, e
fonte da matéria primordial. Dizia Heisenberg que se deve pensar em fatos
físicos não como objetos concretos, mas como eventos em
potentia, ocupando um domínio não-local da realidade, transcendendo o
espaço-tempo situacional em que vivemos. A dimensão objetiva torna-se uma
ínfima e ilusória parte de uma estonteante realidade que transcende os limites
do perceptível pela consciência humana. Em potentia, os objetos não
estão subordinados à velocidade da luz e ao ritmo cronológico, podendo trocar
informações instantâneas e existirem como possibilidades de manifestações.
Esse
aparentemente novo idealismo nos faz recordar exatamente as inferências de
Platão no seu ilustrativo mito da caverna. Segundo esse grande
pensador, vivemos como prisioneiros em uma escura cova, onde percebemos uma
ilusória realidade, parcamente iluminada pelos albores que nos chegam de uma
realidade maior, que brilha além da sua abertura. A luz desse outro e
fundamental domínio projeta-se sobre os contornos dos objetos físicos, imersos
na penumbra, emprestando-lhes aparente realismo, pois todos existem em
plenitude somente fora dos estreitos e escuros limites dessa caverna. Eis,
assim, delineada uma visão atual do nosso universo físico, um condensado
espaço-tempo preso nas fronteiras da não-localidade – esta sim, a verdadeira
fonte da realidade que a tudo ilumina.
David
Bohm, outro físico da era quântica, registrando essa mesma verdade, formulou
igualmente a hipótese da existência de duas ordens no universo: a implícita e
a explícita. Segundo esse pensador moderno, o Todo está edificado
segundo essas duas ordenações, sendo a primeira, existente fora da esfera
espaço-tempo, a verdadeira e a qual se pode conhecer somente pelas vias das
abstrações intelectuais. Esta é que dá origem e orienta a ordem explícita,
aquela que se revela no mundo manifesto observável, nada mais que quimérica
construção dos nossos sentidos. A ordem implícita, pertinente ao universo
ideal, far-se-ia então a única realidade e o objeto último de conhecimento da
ciência.
Prevê-se
que, em breve tempo, esse nascente idealismo científico será acatado como
verdade, desde a física à biologia, das artes às filosofias, da medicina às
religiões, dominando por completo todas as expressões do pensamento humano.
+ SALTO
PARA A UNIDADE +
Ante
essa nova visão, o dualismo que nascera com Descartes e fora fortemente
alimentado pela ciência em seus quase três séculos de objetividade forte perdeu
o seu significado como retrato da realidade. A unidade partícula-onda
tornou-se prenunciadora de uma unicidade fenomênica universal, a
fundir no Todo suas aparentes diversidades.
E assim,
o resultado último do estupendo movimento lançado pelo paradigma quântico foi o
desabrochar de uma nova visão de mundo que se caracteriza pela unificação de
todos os eventos físicos, dotando o universo de um extraordinário sentido
de unidade.
Ao conceituar
que a matéria nada mais é que uma onda colapsada, a visão
quântica superou definitivamente a dicotomia energia-matéria que
vigorara na ciência, como herança do dualismo cartesiano. Em última análise,
todo evento a se precipitar na realidade objetiva é um objeto quântico que
se comporta de modo semelhante, segue as mesmas leis fenomênicas e possui
idêntica natureza íntima. Estabelecia-se assim o fundamento unitário do
universo físico e dinâmico. Matéria e energia não podem mais se distinguir como
substâncias de propriedades independentes. Estava feita a união, já prevista
pelo pensamento de Einstein e enunciada pelas doutrinas espiritualistas. A
realidade perdera a sua concretude e compreendeu-se que tudo se sustenta em um
substrato comum cujo maior atributo é a imaterialidade.
Em busca
desse elemento único, a mecânica quântica compreendeu que toda manifestação
física, seja energia ou massa, é uma íntima vibração de uma mesma potência,
cuja natureza não pode ser conhecida, mas que é sempre idêntica a si própria,
em todas suas múltiplas expressões possíveis na realidade concreta.
O monismo,
definido como a doutrina da unidade e apregoado por grandes filósofos do
passado, como Plotino, Giordano Bruno, Baruch Spinoza, e mais recentemente
Pietro Ubaldi, encontrava, enfim, a sua viabilidade no palco das especulações
humanas.
Figura 1. Quadro sinóptico da velha visão clássica versus a
nova visão quântica de mundo.
+ CONSCIÊNCIA
QUÂNTICA +
A
despeito de todas essas novas e espetaculares considerações, o aspecto mais
importante suscitado pela nova física foi demonstrar que os objetos quânticos
são hábeis em interagir com o observador, alterando a forma como se apresentam
de acordo com a intenção de quem os analisa. Por exemplo, se o experimentador
usa um aparelho de medição de radiações, o objeto quântico se mostra como onda;
mas se este utiliza um aferidor de massa, ele se revela como partícula. Essa
interatividade entre o observador e o fenômeno observado motivou, no âmbito da
própria ciência, a noção de que um campo consciencial não somente pode
interferir na expressão do objeto quântico, mas que ambos são objetos de mesma
natureza.
E logo
surgiu a ideia de que a consciência seria o elemento, pertinente ao universo
virtual, capaz de provocar o colapso da onda quântica, permitindo-lhe
manifestar-se em suas variadas formas na dimensão real e concreta em que
vivemos. Portanto, passou-se a admitir a existência desse novo domínio quântico
– a consciência – aparentemente independente da dimensão exterior e ao mesmo
tempo nela fundido, que não era matéria ou energia, possuindo, contudo, a mesma
natureza de ambas as manifestações, uma vez que com estas é capaz de interagir.
O mais
surpreendente, contudo, foi a inferência de que, como um evento igualmente
quântico, a consciência revelava-se hábil não só em interagir ativamente com a
dimensão exterior, mas igualmente em produzi-la. Assim compreendida, ela se
mostrava agora ser o único objeto realmente existente no universo.
A
consciência deixava de ser uma instância pertinente às sensações do eu e,
extrapolando o âmbito da psicologia, tornava-se agora um potencial
determinístico de ordem física. Em breve, um mais amplo sentido de unidade será
conferido à constituição do universo, pois esse novo e abstrato elemento, a
consciência, mostra-se ser, cada vez mais, o constructo capaz de unificar todos
os fenômenos quânticos e de sustentar a realidade, segundo seu inerente padrão
de observância. Assim compreendido, o primado da consciência será aceito como o
princípio organizador fundamental não só da dimensão física, mas, sobretudo, e
com muita mais propriedade, de todo e qualquer ser vivo.
De todos
os novos conceitos semeados pela física quântica, esse tem sido, seguramente, o
mais polêmico e de mais difícil aceitação pela comunidade científica
tradicional. Contudo, facilmente se conclui que a cada dia esses pressupostos
tornar-se-ão mais evidentes e crescerão no entendimento do homem, pois este tem
pressa em convencer-se de que é um domínio abstrato muito além da matéria.
+ ESPIRITUALISMO
CIENTÍFICO +
Inegavelmente,
as proezas quânticas evidenciavam aos novos tempos um admirável mundo,
desenhado com os traços imprecisos dos eventos e as cores inefáveis da
imponderabilidade, pinceladas pela consciência. A cética análise científica,
afeita à imagem newtoniana do universo e cativa do dualismo cartesiano,
permanece atribuindo às façanhas quânticas nada mais que uma exótica realidade
física subjacente ao cosmo infinitesimal. Ainda distante do espetacular salto
rumo à unidade, não lhe interessou interpretá-las à luz do idealismo, e segue
acreditando que física e consciência, assim como ciência e religião, delineiam
parâmetros que não se misturam.
Entrementes,
os físicos intérpretes de uma ordem mística na consideração desses conceitos
acorreram a associar esse novo campo fenomênico ao espírito. A identidade entre
os atributos quânticos e as propriedades da alma já anunciadas pelas escolas
espiritualistas de todos os tempos e culturas é evidente o bastante para que a
razão humana a legitime. Estavam abertas as janelas visionárias que farão
evoluir os postulados da mecânica quântica ao puro espiritualismo, em um novo e
moderno renascimento cultural.
Se a
magia quântica realizara o extraordinário feito de urdir perfeitamente a
matéria à energia na equação diferencial de Schrödinger, resta-lhe agora
muito pouco para unificar, através de uma matemática elevada, toda a
complexidade universal em torno de seu único e último substrato: a consciência.
E então nada faltará para que o pensamento científico aceite que essa
consciência é o mesmo espírito, desvestindo-se do velho preconceito
que o impede de pronunciar tão antiga palavra, pejada de religiosidade, porém
rica de elevados conceitos.
A
existência desse campo consciencial criativo e imaterial a extrapolar a
dimensão física, deixando o estreito âmbito religioso onde sempre existiu,
torna-se a cada dia uma hipótese viável não só entre os eruditos quânticos, mas
igualmente a partir de outros modernos filósofos da ciência. Encontramo-la, por
exemplo, no pertinente princípio antrópico, enunciado por esses
pensadores hodiernos. Segundo esse interessante fundamento, as leis
físicas nasceram e sempre atuaram segundo o apriorístico propósito de produzir
um universo compatível com a futura manifestação da consciência em seu bojo.
Assim, de acordo com esse princípio, as forças básicas da natureza atuaram, em
toda a história do cosmo, como se conhecessem o futuro, adotando exatos valores
de modo a viabilizar a estabilização do átomo como entidade fundamental e
própria para a expressão da vida. Por exemplo, se a carga elétrica do próton, a
despeito de sua massa ser mil vezes maior, não fosse exatamente a mesma do
elétron, se as forças básicas – fraca, forte, eletromagnética e gravitacional –
diferenciassem frações mínimas de suas medidas originais, a unidade atômica não
seria viável e a consciência, em forma de vida, não teria se manifestado no
âmbito físico.
Com
essas novas postulações, emergentes entre os místicos da nova física, a linha
de causalidade fenomênica inverteu o seu sentido. Se antes a consciência nascia
como um epifenômeno da matéria (causalidade ascendente), esta agora é
filha da consciência fenomênica, primeira e última expressão real da existência
(causalidade descendente). O domínio físico torna-se manifestação última
e concreta da consciência. A matéria transforma-se, nessa nova dialética
monista, em mero hálito do espírito. Assim, imensos paradoxos da atual ciência
dualista, finalmente, encontrarão soluções plausíveis nesse monismo conceitual.
A seguir
esse caminho de deduções, prevê-se que, mais cedo do que se pensa, a física
quântica efetivamente anunciará ao mundo que o espírito, fonte da
consciência, é não só um fato científico como também a única realidade concreta
da existência. Alicerçado em equações infinitesimais, ele será compreendido
como o agente unificador dos eventos quânticos, conferindo à criação o seu mais
estupendo sentido de unidade e imponderabilidade.
A alma
ganhará substância e manifestar-se-á com irrefutável evidência ao concebível
humano. E, uma vez admitida a sua completa imaterialidade, a imortalidade lhe
será facilmente reconhecida, como quesito fundamental, para grande alívio de
todos aqueles que acreditam sermos herdeiros da eternidade.
+ UMA NOVA
MEDICINA PARA UM NOVO HOMEM +
Com a
junção da física quântica ao espiritualismo, o homem será entendido não mais
como um casual amontoado de órgãos, porém um domínio unitário de campos
quânticos sutis produzidos e organizados pela consciência, estabelecendo-se a
perfeita fusão de sua trindade consubstancial – matéria, energia e espírito.
Assim, ele deixará de ser produto de suas moléculas, o pensamento não mais será
uma mera secreção cerebral e o genoma, o determinante da construção orgânica. O
homem, para grande proveito de si mesmo, far-se-á, em última análise, uma
edificação da própria consciência. Novos modelos de saúde serão então
suscitados para compreendê-lo e tratá-lo nessa inovadora perspectiva.
A nova
física, seguramente, será convocada para a edificação dessa revolucionária medicina.
E certamente ela validará muitos tratamentos até o momento inaceitáveis pela
ciência médica contemporânea, como a homeopatia, a acupuntura e as curas
espirituais. No campo da não-localidade, essas consentâneas porém menosprezadas
práticas terapêuticas encontrarão os subsídios científicos que lhes faltavam
para validá-las como genuínos recursos de saúde para o homem enfermo.
Igualmente
novos recursos terapêuticos serão desenvolvidos, utilizando-se os mais
avançados estudos e pesquisas no campo da ciência quântica. Recursos que se
sustentarão sobretudo na orientação da consciência como a mais genuína ação
curativa possível à unidade orgânica. E assim a medicina abandonará o exclusivo
de drogas químicas como solução última para os males humanos.
Em apoio
à medicina, ciência e religião voltarão a se unir, proporcionando ao homem o
almejado bem-estar e o equilíbrio que ele sempre aspirou.
+ BIOLOGIA
SAGRADA +
Se no
campo médico o paradigma quântico muito poderá auxiliar na visão unitária do
ser humano, as ciências biológicas igualmente auferirão importantes benefícios
com a nova compreensão da realidade. Uma vez comprovado que todo objeto físico
é uma emanação de forças sutis, com muito mais propriedade assim também serão
compreendidos os seres vivos. E do mesmo modo que o homem, estes deixarão de
ser quiméricos amontoados de órgãos para se transformarem em processos vitais,
dotados de uma consciência igualmente imortal. Isso modificará substancialmente
a biologia, orientando as suas pesquisas na procura desse psiquismo ativo,
pleno de intencionalidades, em ação na unidade animal.
Desse
modo, facilmente se conceberá ser o espírito o campo abstrato que interage e
carreia as formas biológicas, efetuando preconcebidos e criativos saltos
evolutivos, segundo movimentos exatos, capazes de superar com eficiência todas
as dificuldades do meio ambiente em que se expressa a vida. E assim, o reino
do espírito implantar-se-á na biologia, sustentado pela
imponderabilidade quântica, joeirando definitivamente a aridez com que o
materialismo científico lhe conspurcou.
A vida,
em qualquer de suas expressões, será entendida como um processo sublime, muito
além da matéria. O homem, como nos tempos da fé, curvar-se-á diante de suas
maravilhosas expressões, admirando as formas vivas como genuínas criações do
espírito. E a biologia deixará de ser mero estudo de corpos para se fazer a
ciência sagrada da vida.
+ DA
CIÊNCIA À TEOLOGIA +
Como
terminante consequência desse neoespiritualismo quântico, um Criador e Seu
reino estão a um passo de serem redescobertos pela razão humana e demonstrados
como fatos científicos.
Pelas
janelas da mecânica quântica, os físicos místicos já prenunciam que a não-localidade é
não só o império da consciência fenomênica, mas igualmente a dimensão onde se
expressaria uma Consciência máxima, fonte de todas as outras, cuja identidade
coincide com a de um suposto Criador, segundo os mesmos atributos determinados
pelas antigas teologias. Por isso, Deepak Chopra, famoso médico e escritor da
atualidade, afirma: “Para além do espaço e do tempo, encontra-se a fonte das
possibilidades infinitas, um florescimento de vida, verdade, inteligência e
realidade que não poderá jamais ser reduzido. É a promessa dos antigos
visionários, e ela se confirma hoje”.
E, de
fato, torna-se lícito admitir que, se consciência humana existe, interfere e
produz a realidade física, ela necessariamente advirá de alguma fonte abstrata
comum e superior. Fonte facilmente identificada como potentia, a
realidade supradimensional concebida por Heisenberg, onde impera, absoluta,
a ordem implícita, preconizada por David Bohm. Seguramente,
esse é o caminho dedutivo que muitos físicos quânticos estão percorrendo para
se compreender as mais profundas razões filosóficas da vida e aceitar,
inclusive, a existência de Deus e a imortalidade da consciência.
As
grandes doutrinas religiosas da Terra sedimentaram conhecimentos que aguardam
da ciência explicações convincentes. Julgados inúteis devaneios do fideísmo
humano e abandonados como traste do pensamento pelo materialismo científico,
começam agora a ser admitidos como retratos genuínos de uma realidade que
transcende a matéria. O imponderável, constatado como objeto real das modernas
pesquisas no infinitamente pequeno, mostra-se a cada dia mais próximo da
dimensão abstrata do espírito, corroborando os enunciados teológicos de todos
os tempos. Acredita-se, desse modo, que não tardará o dia em que a mecânica
quântica irá acolher em suas avançadas teorias os corolários religiosos,
compreendendo-os como parte da mesma realidade subjacente que sustenta o domínio
físico.
Desse
modo, o idealismo científico far-se-á o perfeito elo entre o
racionalismo e a fé. E terminará por comprovar que potentia, o
império superior da ordem implícita, a não-localidade,
fora do tempo e do espaço e o vazio quântico, além do cone de relativismo que
nos prende, são expressões que encontram perfeita correspondência com o nirvana dos
budistas, o mundo das ideias de Platão e o céu com
que sonharam os primitivos cristãos.
Facilmente
se elucidará que tudo que existe advém desse reino fundamental, cuja origem e
organização somente poderão ser imputadas a um ingênito Criador. A dimensão em
que respiramos será admitida como uma pálida e ilusória cópia dessa realidade
maior, habilmente construída pela consciência, a fim de manifestar-se na realidade
objetiva.
E assim
religião e ciência, urdindo seus preceitos fundamentais, encontrar-se-ão no
palco da imponderabilidade quântica, dando-se as mãos, em perfeita concórdia,
na condução do homem às fronteiras do Infinito.
Aproveite,
Alimente sua Floresta de Luz
sempre!
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