sexta-feira, 1 de abril de 2016

O PLANETA TERRA E A EMERGÊNCIA DA VIDA




Bons dias sempre!

Que seu dia seja radiante como nos é a Luz do Sol e a alegria refletida pela Lua.

"OFEREÇO-ME PARA COOPERAR COM AMOR A FIM DE COMPARTILHAR A ABUNDÂNCIA DE MEU CORAÇÃO"

Parece mentira, mas não é!

Na conversa de hoje trazemos algumas informações sobre o planeta, a nossa casa que nos abriga.
Compartilhamos hoje um trecho do livro “O Despertar da Águia” do Leonardo Boff.

Boa leitura.



+ O PLANETA TERRA E A EMERGÊNCIA DA VIDA +

O planeta Terra é, entre todos os corpos celestes conhecidos, singularíssimo. Sua posição face o Sol, o equilíbrio das forças gravitacionais e eletromagnéticas e a grande abundância de água em estado líquido levaram a uma pletora de espécies de moléculas. Decisivo foi o momento em que ocorreu a diversificação das moléculas de carbono em cadeia, chamadas também de moléculas orgânicas. Já os átomos de carbono, unidos a outros tipos de átomos, mostram capacidade de formar ilimitado número de cadeias. Ao nível molecular se conserva a mesma disponibilidade quase ilimitada de formação de cadeias. Tal forma possível a existência de seres vivos, pois estes pressupõem diversidade de reações moleculares.

A Terra começou a encher-se, no ar e nos mares, de tais cadeias de moléculas orgânicas. Elas começaram m elaborar relações entre si cada vez mais complexas. Essas redes criaram verdadeiras famílias de moléculas que, através das reações, produziram os mesmos tipos de moléculas que as integram. Sempre que verifica este tipo de organização, sem a qual algo não existe, então se dão as condições para a emergência de um ser vivo. Trata-se de uma criação, um autopoiese, uma auto-organização molecular na matéria. A vida surge como consequência da complexificação crescente. Quando aparecem unidades auto-organizadas, surge a vida. E surge de modo inevitável como resultado de um longo processo evolucionário. Ela surge em muitos lugares e em vários tempos, quem sabe em muitos milhões de anos, mas sempre quando se oferecem condições para unidades auto-organizativas.

Como o mostraram notáveis cientistas, as condições favoráveis à vida são anteriores ao aparecimento da vida. A própria vida na Terra foi criando condições boas para si, no subsolo e no ar. Foi resistindo aos empecilhos, foi se adaptando às mudanças e foi criando, com habilidade e muito custo, a esfera que lhe fosse adequada, isto é, a biosfera. O esforço de adaptação foi tão inteligente e sutil que até o oxigênio em estado puro, que era, inicialmente, nocivo a vida, foi feito seu principal alimento. Mediante a respiração, o oxigênio contido na atmosfera é transmutado em carbono (CO2) que a fotossíntese absorve dando origem à biomassa e novamente ao oxigênio.

Tal fato fez suscitar a hipótese Gaia (divindade grega pra designar a Terra), teoria que afirma ser o planeta Terra um imenso superorganismo vivo. Nela os elementos todos – a decomposição físico-química dos solos e dos ares, as rochas, as águas, os oceanos, os microorganismos, as plantas, os animais, os seres humanos – jMia estão simplesmente justapostos uns aos outros. Eles interexistem e co-existem. São de tal maneira interdependentes e imbricados entre si que fundam um equilíbrio somente encontrável em seres vivos, como um bosque ou um pântanos. Assim, constatou-se que as percentagens de 21% de oxigênio, de 79% de nitrogênio na atmosfera e 3,4% da salinização dos oceanos perduram inalterados já há milhões e milhões de anos, embora a luminosidade do Sol tenha aumentado em 30%.

Vista de fora, a partir das naves espaciais que foram a Lua, a Terra aparece como um irradiante globo azul e branco, ícone da cultura planetária e de uma nova sacralidade. A partir da nave espacial Voyager que voa já além do nosso sistema solar (por um bilhão de anos circunavegará ao redor do centro da Via-Láctea), ela aparece como um pálido ponto azul, perdido no fundo negro do universo.

De lá de cima, dizem eles, a Terra é tão pequenina que cabe na palma de nossa mão. Esconde-se atrás de nosso polegar. De lá se apagam todas as diferenças. Não há negros nem brancos, nem ricos e pobres, nem excluídos e incluídos, nem capitalistas e socialistas. Terra e humanidade formam uma única entidade. O ser humano é a própria Terra que sente, que pensa, que ama e que venera. Os nacionalistas se esvaziam. Já não existem limites entre as nações e descriminalização entre as raças. Todos somos Terra, nosso único planeta azul-branco, dependurado na vasta escuridão do espaço. Planeta amado, ameaçado e objeto de nossa preocupação por causa de seu futuro incerto. Somos responsáveis por este pedacinho do universo que nos coube habitar. Depende em grande parte de nós limitar e até suprimir a ação corrosiva do buraco na camada de ozônio, impedir o aquecimento do efeito estufa e impossibilitar o inverno nuclear. Caso contrário nosso planeta poderá perder perigosamente seu equilíbrio e ser terrivelmente devastado.

Como escreveu o principal responsável pelo sucesso da viagem da nave espacial Apollo 11 à Lua, Carl Sagan, as imagens da Terra vista lá de fora “ajudaram a despertar nossa adormecida consciência planetária, elas forneceram uma prova incontestável de que todos partilhamos o mesmo planeta vulnerável. Elas nos lembraram aquilo que é importante e aquilo que não é”.

O ser humano pode transformar-se no anjo exterminador da Terra. Se não mudarmos nossas atitudes para com a Terra, protegendo-a ao invés de depreda-la, se continuarmos a acumular mais poder-dominação que sabedoria, se persistirmos em fomentar mais egoísmo que cooperação, se alimentarmos arrogância em vez de humildade e veneração pelo mistério do universo, seguramente conheceremos o caminho dos dinossauros. Provavelmente devastaremos o planeta e nos autodestruiremos como espécie.

Mas o ser humano é chamado a ser o anjo da guarda da Terra, a conviver com as demais espécies e a contemplar a obra de Deus deixada intencionalmente incompleta. Fomos criados criadores e co-criadores.

Tudo no universo está em processo de gênese. Também a vida. Historiemos, suscintamente, as principais estações. Do mar de lava em fusão, consolidaram-se as rochas, por volta de 4 bilhões de 600 milhões de anos atrás. Em seguida veio o ciclo da atmosfera, fruto dos gases que escaparam do interior da Terra mediante os vulcões que eram em seu tempo muito ativos. Depois veio o ciclo da água, também proveniente do interior da Terra e do intenso bombardeio de meteoritos de gelo que ajudaram a formar os oceanos e as bacias fluviais.

Por fim, emergiu, como referimos acima, a diversificação das moléculas orgânicas. A análise da luz que vem do universo constatou-se que os espaços cósmicos estão atravessados por uma nuvem finíssima de partículas microscópicas, a poeira estelar. Elas contém moléculas virtualmente biogênicas. Quer dizer, combinações extremamente reativas ao carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e silício. Esses são os tijolinhos básicos dos organismos vivos. Tais elementos se encontram em profusão nos meteoritos e nos cometas que se compõem fundamentalmente de gelo e de poeira cósmica.

Não basta o padrão de organização. Temos que considerar os materiais físicos, químicos, o meio ambiente, o tipo de combinação e de relação que se realiza para que surja o organismo vivo concreto. É a estrutura. Através dela cada ser vivo ganha uma forma própria. Assim o padrão cavalo aparece na forma de cavalo pantaneiro, cavalo árabe, cavalo comum. Todos são cavalo, mas do seu jeito, com sua estrutura singular.

A vida, pois, resulta de um processo de auto-organização complexíssima da matéria e da energia do universo que forma a teia da vida, que vem da mais alta ancestralidade. Foi adquirindo complexidade e emergência ao longo de todo o processo da evolução, até ganhar uma forma singular, consciente, inteligente e amorosa no ser humano.

Em 1952, na Universidade de Chicago, cientistas simularam as condições presumíveis da Terra 3,8 bilhões de anos atrás. Fizeram passar uma descarga elétrica numa mistura complexa de muitos elementos, dos quais o hidrogênio, o metano, o oxigênio eram os principais, junto com água fervendo. Depois de uma semana formou-se um líquido marrom. Nele, surpreendentemente, detectaram-se componentes orgânicos e aminoácidos, básicos para a formação da vida. Com toda a certeza, a cadeia ADN que está em todos os seres vivos é muito mais complexa que esta experimentação. Mas ela nos fornece, pelo menos, os indícios da auto-organização da matéria que é o segredo da emergência da vida.

Aproveite.
Alimente sua Floresta de Luz sempre!

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